A poesia é o espaço das coisas improváveis, a possibilidade
infinda dos impossíveis.
Tudo pode ser belamente dito em todas as línguas, sem concessões
nem acordos, a não ser o acordo de que a poesia é a mais livre das expressões.
Na terra incógnita da poesia, fazem-se fumigações diárias para
eliminar as unanimidades aceites por cem por cento de todos.
A poesia é encantadoramente rebelde e gosta de picardias.
É necessária pelo menos uma dissonância para se viver na
liberdade deste imenso país inóspito que fica depois da cartografia das outras
artes.
Quem tiver essa bagagem de liberdade, aventure-se nela.
E não se julgue que é longínqua, que a viagem é demorada. É já
ali, a poesia.
Virar em qualquer direcção, ao contornar o cotovelo apertado do
pudor. Ultrapassado esse nó, dá-se de caras com a terra prometida. Não tem
portageiros nem fronteira.
É fácil conseguir autorização de residência.
Depois, é desfrutar. É um país cheio de belezas naturais e contrastes
inesperados, culturas de boas vizinhanças, exóticas, excêntricas, fadas,
faunos, e gente comum, definitivamente comum, os poetas.
Tão comum que escrevem a palavra Amor como se fossem brasileiros
a dizer a palavra Amor, nesse seu jeito sonoro de dizerem todas as coisas, até
as más, parecendo, que sendo poesia.
Aventuremo-nos, pois!
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