Naquela tarde, talvez por ser a tarde que estava marcada, percebi que não seria possível. Não recebi nenhum aviso de ninguém, o meu corpo não experimentou um estado físico diferente do habitual. Para além da sua rotina de corpo a funcionar sofrivelmente bem, não houve premonições, fenómenos de poltergeist. Nada. Estava como tenho estado nos dias anteriores a este, e espero que os próximos e os que mais tenham de ser, assistindo mansamente a um destes programas das tardes de televisão, dos que desfiam episódios menos risonhos da existência de todos os indivíduos. As coisas boas não passam na televisão, só misérias. Mas as pessoas gostam, é o que pedem, atestar os níveis de tristeza, com as experiências dos outros, cópias repetidas das suas. Não abrem mão de ser um elo dessa grande corrente universal da condição humana. Fazem cadeias de amor por esses episódios baratos, rebuscados, quando não fazem nada pelas coisas que realmente importam, queixam-se, é só. Estou as