Noite agradável. Na parada militar, perfilados, aguardam. Ouve-se Grândola, Vila Morena num radio que amplifica o som da fraternidade nas paredes que envolvem a parada. Duzentos e quarenta homens, saídos de serem meninos, comandados por um oficial com 29 anos, sorriso rebelde, olhos curiosos, partem para Lisboa. Vão libertar a liberdade. No Campo Grande, à cidade universitária, cinco da madrugada, a coluna para nos semáforos. Vão fazer uma revolução e param nos semáforos. Às 05h45, tomam posições no Terreiro do Paço. Forças do regime defendem os ministérios. O jovem capitão, sente na cara tensa, carregada de adrenalina, o afago da brisa fresca que vem do rio, a dar-lhe confiança. Vai nascer um dia luminoso. Na concentração que tem em si, não ouve as gaivotas pousadas no Cais da Colunas. Dão-lhe boas-vindas. Dizem para não ter medo. Não era preciso dizerem, este homem não tem medo. O Terreiro do Paço é o eixo de um império irreal. Onde estão os ministérios, onde o regime sonha a