«C`um caneco», diz a rã a coaxar, saltando em esforço sobre o alcatrão escaldante da estradeca. Até que chegue ao outro lado, bem tem que vociferar. Uma lontra, aos seus afazeres, caminhando nos vagares da região, investida de toda a calma do mundo – pressas para quê, se vamos todos morrer. A lontra passa diante de nós, quatro, cinco metros, omite-nos, a curiosidade dela não é mútua. Uma águia-calçada, ou pequena, ainda assim águia, descreve círculos, planando. Espera pela sua oportunidade e não vai falhar. Não é comum ver uma rã – na cidade –, águias só domesticadas, tristes figuras em estádios, lontras é mesmo impossível. Quem diz rã, águia e lontra, diz coelhos, são muitos. Assustadiços, disfarçam-se com a nossa presença de coelhos-pedra, congelados, estátuas, e quando não aguentam mais, porque os coelhos são de natureza inquieta, dão grandes saltos disparando em velocidade furiosa a esconderem-se nos silvados. Há também cobras, que não se desviam da rota, presumidas, se...