Um homem e uma mulher abraçam-se demoradamente. Não são novos. Abraçam-se como se estivessem a representar uma despedida definitiva. Um jornalista faz uma pergunta. Vai regressar ao seu país, defender o seu país distante. Entende-se agora a razão desse abraço, ou não. A mulher também vai com ele. Do que eles se despedem agora é deste país de cá, também deles, e desta paz do sol e dos ventos suaves, e das gentes amáveis e das cores tão fortes ,mas nada é garantido. É essa coisa estranha, difícil de explicar, de compreender. Que tipo de sentimento, de amor, esse? A quê? À terra? A uma língua? A uma identidade colectiva? A uma cultura? Não se sabe, nem interessa, que decisão tão difícil, ou se calhar tão fácil, homens e mulheres fazerem a viagem em sentido contrário: da sua terra de acolhimento e onde já lançaram raízes, para voltarem à terra de origem. Da protecção e do conforto para o medo atroz de uma guerra. Para defenderem a sua ideia, íntima e pessoal desse amor mais forte d...