Os meus pais sonharam tanto com um filho jurisconsulto, para eles advogado, mas escapei-me e desiludi-os num dos seus sonhos de pais: a profissão dos filhos. Que nem sempre acerta, depois, nos sonhos que os filhos escolhem. Fugi para casa de uns primos afastados, gente honesta, se tivesse sido advogado também, que tinha um negócio de venda de bifanas, actividade itinerante, numa rulote, na Alsácia. Tornei-me vendedor ambulante, sem nunca ter imaginado que na Alsácia as pessoas gostavam de bifanas no pão. Encontrei o meu caminho e sou feliz desde aí, mesmo pagando impostos. Sempre que o meu negócio permite, recebem-me, os meus pais, quando venho no verão matar saudades (já me custa entender o significado de algumas expressões. Eu não venho matar nada: venho viver). Venho então recuperar momentos da minha ausência, da terra. Eles não são espontâneos, os meus pais, no fundo nunca me perdoaram ter-lhes falhado no sonho, deles.. Não foi por não ter sid...