A espuma das ondas, na rebentação, são o último suspiro, inglório, tudo é vão, na areia humilde da praia, ponto final da vida. No palco da representação das coisas e dos seres e da mistura de ambos, a espuma é um actor secundário. O esgar derradeiro da onda, antes plena de energia, vida pujante, não vale nada, nada vale nada. A espuma das ondas, ou dos dias, ou dos acontecimentos, nunca será um protagonista das histórias. É somente espuma, esfarela-se em coisa nenhuma, um fogacho, uma insignificância. Neste teatrinho do faz de conta e do mesquinho e desvalido, todos espumamos importâncias, reivindicações de atenção, gritinhos mais altos, embandeiramos verdadezinhas nossas, vendendo-as como absolutas, cavalgamos poderes pífios, tentamos ser alguém quando já o somos pelo acto de nascer, não porque somos mais estridentes. São as ondas que interessam, esse fluxo inexorável de tempo e espaço, essa deslocação constante de todas as peças do universo, que até podem ser...
Este povo tão lúcido, tão desperto, tão adulto, ponderado, com pensamento crítico, a caminhar de novo alegremente no picnicão , nos corredores húmidos e escuros. O telefone volta a tocar na galeria gélida de uma António Maria Cardoso, que se julgava esquecida. Obrigado! Estes, tantos, políticos que esgadanharam a experiência da democracia, nem conseguida por eles há 50 anos, mas pelo suor de outros, que nos trouxeram de mão dada e crédulos, outra vez, ao beiral do abismo. Políticos a vitimizarem-se. Não foram eles. Nunca são eles, é a conjuntura, é o sistema, é o regime, é a nova ordem mundial. É a grandessíssima p…. que os abortou. Obrigado! A jornalistas, comentadores, meios de comunicação, agências de manipulação de imagem e massas, politólogos disto e daquilo, sondagens costuradas por encomenda, connosco ao colo, embalados em sonos profundos, à porta das celas que se adivinham. Um grande bem-haja, por sermos bons portugueses e bons acólitos. E agora? Resta-nos – s...