Indiferentes – passam a vida nisto: fingem que não se veem - o ti Manel e o farrusco ancorados no mesmo sítio, cada um no croché dos seus pensamentos íntimos, ao calor das brasas da lareira. Terminaram o dia e as suas obrigações. Os acontecimentos, os actores e os espectadores deixaram vazias as cadeiras na plateia e saíram de palco. Apagaram-se os holofotes, os arrumadores limparam os sedimentos da poeira do dia, recolheram-se. O pano da noite cobre as pessoas e outros seres. O ajeitar das madeiras e outros materiais, interrompem a espaços a escuridão do silêncio, começa o turno dos fantasmas reais, dos imaginários e dos mundos dos outros mundos. É o horário das almas penadas, das fadas, dos gnomos, da trupe dos elfos e as suas traquinices. Fios de ideias esvoaçantes entram pelas janelas abertas, enfunam-se os cortinados, pisca a luz nos pavios das velas acesas, há correntes de ar que circulam nos interstícios das prateleiras dos arquivos pessoais. “Onde