Acinzentou o dia, o que é logo suficiente e motivo para se levar a melancolia à rua. E é vê-la, a passear, pela mão destes e de outros, novos e velhos. Em dias assim paira um desalento, uma falta de vontade. O mundo detém-se esperando que o sol irrompa no que tem de glorioso para nos dar. Alguns não aguentam a espera e cometem desfechos irreversíveis, consigo mesmos. Outros subtraem vidas alheias, Às vezes em actos de grande violência, que nunca se poderá entender. Uns amuam como se fossem ainda crianças e não falam mais. Há quem gaste tudo no jogo, ou na bebida, ou mesmo em todos os pares de sapatos que pode comprar com todos os cartões que tem disponíveis e ainda lhe dão a ilusão de invencibilidade. Os mais sensatos, que insistem nisso, esperam. Nada mais. Quando finalmente aparece o sol e aquece, a melancolia corre a fugir, para se esconder por baixo dos tapetes, em casa. E aí fica, quase esquecida, até nova oportunidade. Todos em geral alegram, menos os que nunca foram capazes de