Estava todo farruscas. O cão assustou-se claro – os pelos ficaram híspidos – e ladroou sem pedir autorização aos pulmões. - Sou eu farrusco – disse o ti Manel. O bicho reconheceu a voz do dono e acalmou o pranto. Quanto aos preparos em que este se apresentava não chegaria lá sem explicações mais convincentes. E ele era um canídeo inteligente. O estouvado do pastor – dera-lhe para ali – cobria-se com uma saca de serapilheira a fazer de casaca, cravejada a castanhas e nozes, com apontamentos de folhas vermelhas. Enfiada na cabeça, uma carapuça da mesma cor. Cada vez que ele meneava a cabeça, com um guizo a fazer de berloque no carapuço - a dar e dar - a barba, já de si branca, soltava uma espécie de poeira nívea. O sacana (cogitações do cão) tinha a cara e as mãos chamuscadas de preto. Preto? - Farrusco, estou de Pai Natal. O cão, que era o único indivíduo naquela casa que não se chegava ao bagaço, compreendeu o personagem que o dono estava a encarnar. Agora em preto, nu