Em tudo era parecido com a vida. Na realidade, era a vida, também é assim. Não via senão o escuro, mas o escuro é o não ver. Faltava-lhe esse sentido para ser pleno de todos, e por isso dizia viver parecido com a vida. Mas não. Vivia. No conforto de um embalo, constante, quase ritmado e ouvia sons afastados, ainda não palavras mas eram palavras e ele não sabia. Não as tinha aprendido. Ouvia o que se dizia fora do escuro, e fora do escuro estava o mistério, para lá das paredes de matéria flexível e desconhecida que o envolvia, como um casulo. Uma gruta. Gostava dos sons assim como gostava dos sons que eram música, e mais uma vez, como não sabia, não os identificava com um nome, mas gostava. De todos, o som que mais ouvia, repetido inúmeras infinitas vezes era “filho”. Um chamamento longínquo, uma espécie de sussurro. Não o sabia, mas era de todos o que mais gostava de ouvir, e descansava, protegido, descansava profundamente e bem e feliz e satisfeito. As suas mãos, os seus dedos, numa...