O local não podia ser mais arejado, é irrelevante se faz bom tempo, que agrinalda o espaço, ou se chove: uma cortina de pingos de chuva pode ser plúmbea de bonita. Neste caso em que o tempo climatérico não conta, avistam-se cumes de mastros com movimentos ritmados num parque de estacionamento para barcos de recreio. Em segundo plano corre um rio que nesse acontecimento terminal de ser rio penetra na salinidade do mar, une-se com o seu infinito, realizado está. É um segundo plano, porque entre os mastros e essa qualquer coisa que desconfiamos seja mar, armazéns desfeiam o que podia ser poesia. António foi escolhido por esse lugar para viver e escrever cinco romances de amor. Cinco versões da mesma história, com nomes distintos, mas femininos, e todavia sobre o amor, o tema de toda a atenção. Na vida o que sobra de outros assuntos são banalidades. Este homem reside num endereço sem caixa de correio, vizinho de outros escritores de palavras que não escrevem sobre o amor, mas...