Dois seres iguais, diferentes em pequenos acabamentos.
Observadas com método científico, as diferenças, milhares, conseguem-se
estabelecer. Faz-se um levantamento topográfico do que os desiguala. São tantas
que se poderia dizer de tantas quantas as de outros dois seres que em nada se
possa dizer que são iguais.
No entanto, num primeiro olhar ou num olhar assíduo num convívio amiudado, são sempre difíceis de distinguir,
apesar de se poder dizer que alguma coisa de diferente têm, de tão parecidos
que são. Qual o nome correcto a aplicar a cada um, sem engano, sem vacilar?
Neste
ponto afloram equívocos, embaraçando quem pronuncia e quem recebe o nome
trocado.
Seria legitimo dizer que eles, de tão habituados ao engano, a
afectação da troca do nome não afectaria nada. Mas não, é doloroso ser
constantemente chamado pelo que não se é. Um nome é uma identidade, errar na invocação é
não reconhecer a impressão única de todos os que encheram de nomes próprios os
assentos de nascimento.
Com tudo isto, não há ninguém tão singularmente igual a um
semelhante que podia – de semelhante que é – ser o próprio, multiplicado em
dois. Pensa um, pensa o outro; um sente, ou outro sente; têm premonições,
intuições à distância, telepatias se existem, em círculo fechado de dois.
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