Teclar é uma atitude mecânica, automática, enfadonha,
bocejante.
Teclar ajuda ainda mais a adormecer, e é isso que eles querem,
que andemos todo o santo dia adormecidos.
Escrever é um exercício completo: exercita a mão e alimenta a
plasticidade do pensamento. Sim, pensar e decidir do pensado que se vai pôr no
papel, fortalecem-nos por dentro e por fora.
E para além das razões expostas, escrever é um acto de beleza,
pelo que só pode ser coisa boa de fazer.
Escreva, não tecle. Deixe-se levar pela caligrafia, ornamente-a,
não resista, perca-se na leviandade de uma grafia barroca escrita com
aparo.
Aproveite esta oportunidade para recomeçar, reaprender a
escrever, com gosto: envie uma missiva a quem ama ou simplesmente considera. É
muito melhor que receber um som de clique normalizado e olhar para o ecrã do
seu dispositivo móvel, imóvel.
Insiste-se que é infinitamente melhor, porque recebe um
objecto tridimensional, com textura, cheiro e um conteúdo que abre o sorriso e
enche efemeramente o depósito da felicidade do dia.
A carta, é o objecto, e se tomar o gosto, vai sentir as
borboletas de contida ansiedade quanto espera pela vinda do correio, que já vem
muito pouco.
Escreva, muito e seja feliz por isso.
**Godfried Schalken
Comentários
Enviar um comentário