Um enérgico aperto de mão tem uma qualidade de acto sincero.
Se for sincero, tem qualidade; um abraço, de amizade ou com intenção física
pelo meio, é ainda mais atraente; um beijo, na boca, na face, nos interstícios húmidos,
expectantes receptáculos de um beijo a
chegar quando chegar - no pescoço, a falta que lhe faz um beijo -, é de finura
e gosto.
Gostos sensitivos, gostos de conseguimentos civilizacionais de subtil elaboração evolutiva. Milénios e mais para conseguir apurar um bem executado aperto de mão, um abraço aveludado, fraterno ou meigo, ou ambos, um beijo seja ele como for dado, sendo bom, repenicado ou lascivo.
Gostos sensitivos, gostos de conseguimentos civilizacionais de subtil elaboração evolutiva. Milénios e mais para conseguir apurar um bem executado aperto de mão, um abraço aveludado, fraterno ou meigo, ou ambos, um beijo seja ele como for dado, sendo bom, repenicado ou lascivo.
É assim que pensa e age José Alberto, homem lúcido. Do seu
tempo, mas a conseguir continuar lúcido, não retrógrado, por que não dizer assim, que é importante.
Sai de casa precisamente para fazer estas práticas, obrigações
diárias para aquietar a sua consciência social. O seu intuito. É um homem ateu com pouca
convicção nisso – com penas mas ateu - e que na falta de melhor, à mão de dizer
já, diz-se que tem um jeito de espírito de missionário. Sem uma religião para
pregar que lhe vinha muito a jeito.
Podia ficar a ver televisão, porque já pagou todas taxas que
tinha a pagar e agora recebe para ficar imóvel se lhe apetecer - mas não, sai
de casa. Aperta, abraça, beija e contenta-se. As pessoas gostam dele por ser
assim e ele também.
A vida é uma democracia de todos. Novos e velhos, que nessa
condição que não desejam a ninguém, alguns são mais fogosos do que outros (o
seu caso), mesmo que seja intermitentemente, na clarividência ofusca permitida
aos velhos.
José Alberto é idoso mas é um contemporâneo, pelo que também
“tuita” e “posta”, mas impacta-lhe pouco, pois prefere – já percebemos – o contacto
directo. Prefere o confronto da vida em tempo real, no seu tempo pessoal real.
A sua ideia de crédito
positivo interpessoal define-se por um “like” que é uma piscadela de olho, um sorriso
genuíno ou mesmo uma pancada nas costas, algumas dinâmicas demais, mas ainda
assim mais valiosas que as estatísticas dos universos virtuais.
José Alberto é um "retro" moderno "vintage".
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