Aproxima-se o final do ano, só faltam dois dias, e é um grande
alívio, ou uma grande pena, ou ambos, ou nenhum dos dois. Uma indiferença.
Uns dizem que foi saboroso, outros que foi escasso, outros que
triste, muito triste, tão triste quando pessoas e seres que não deviam morreram.
Outros deviam e aconteceu-lhes.
Há muitas pessoas vivas e algumas são mesquinhas, demoníacas,
doentias. Há também gente boa, e santos.
Nasceram igualmente, a incomparável felicidade do primeiro
beijo. A renovação aconteceu, mas somos de mais. Aqui cada vez mais poucos, e
velhos.
O mundo não melhorou nem piorou, continua indiferente, as
pessoas é que o antropomorfizam, e depois vem dizer que ele está mais injusto,
mais inseguro, mais tirano, mas chato.
O mundo está muito mais chato.
Os homens apesar de serem uns queixinhas e porem as culpas nos
outros, têm o infeliz mau-hálito de darem cabo do que os rodeia e estão num
processo desenfreado de auto-destruição massiva. Há quem não acredite e seja
optimista. Os optimistas são em geral boas pessoas, mas estão sempre a rir, o
que se torna ligeiramente irritante.
Fora os optimistas, existem pessimistas, os apáticos e os
estúpidos.
O mundo tem uma enorme quantidade de estúpidos que estão a
ficar igualmente apáticos, o que é bom para os políticos em geral, quase todos
de fígados azedos, e obcecados pelo poder, um bem-mal intangível que dá muito
jeito, para passar à frente de todos em todas as filas e engarrafamentos.
O dinheiro é vil, mas todos gostam dele.
Entre os pessimistas e os optimistas, existem meia-dúzia de lúcidos,
a quem ninguém ouve. Eles mesmo, depois de tanto pregarem para o ar, já começam
a desconfiar da sua lucidez. É bem possível que em breve venham a melancolizar.
Como o ano está para acabar em dois dias, todos os grupos
descritos de pessoas, estão num frenesim para entrar no novo. Fazem compras no
supermercado com esse objectivo teimoso, de celebrarem e empanturrarem-se de
vivas e urras e muitos olés e palmas e beijos besuntados com abraços fraternos
e outros malandros, se calha uma desconhecida jeitosa, ou jeitoso, na festa que
se está a frequentar.
Há quem não tenha nada disso e apesar de ser gente – e da boa –
esteja num sofrimento atroz de todas as espécies e feitios.
Esquecimento, abandono, mau trato, tragédia. Mas falar disso não
fica bem, volte-se às comemorações com cartola, se for caso disso, ou foguetório,
não se olhe a despesa.
A felicidade, no fim do ano, no preciso momento da passagem do
um para o zero, fica muito barata. A partir daí inflaciona.
Um ano novo depois das passas e do espumante, traz esperanças,
sonhos e expectativa de grandes realizações. Vai acabar igual ao que passou,
está quase a passar. Sempre assim.
Viva 2017 que foi tão, tão, tão! Viva 2018 que vai ser tão,
tão, tão de previsibilidade imprevisível.
Pessoalmente os meus doze desejos, revelo-os:
1 – que Trump seja internado num hospital psiquiátrico de alta
segurança
2 – que o Quim (ou Kim) da Coreia, seja internado num hospital
psiquiátrico de alta segurança
3 – que o Putin seja preso numa ala de pedófilos e tarados do
sexo
4 – que os políticos em geral e em particular em Portugal, lhes
abata a doença da honestidade, e passem todo o ano a chorar compulsivamente
pelas vilanias e maldades que fazem às pessoas ingénuas deste país
5 – se houver algum absolutamente impoluto, pode atirar uma
pedra
6 – que os profissionais da corporação justiça, lhes abata a
doença da humildade, e se ciliciem do pecado do uso arbitrário e dIscricionário
dos poderes.
7 – que o futebol pague IVA a 150% e que as mais-valias das transferências
dos jogadores entrem para o fundo de pensões das pessoas que trabalham toda a
vida e não sabem se vão ter reforma
8 - o Ronaldo não é o
melhor jogador de futebol do mundo, é dos melhores, e que pare de dizer isso e
os pasquins não estejam sempre a replicar essa preciosidade linguística com
sotaque da Madeira.
9 – que os meios de comunicação passem a produzir notícias e
não crochés de informação-contrainformação panfletária-propagandística
encomendada.
10 – que a ANPC e os bombeiros se entendam e sejam eles mesmos
a organizarem as suas estruturas e estratégias e modos de acção e operação. Que
tenham todos um curso superior certificado.
11 – que eu tenha muita saúde e os meus também. Aos outros
desejo o mesmo eu não sou de rancores.
12 – que eu tenha muito dinheirinho, tanto tanto, que possa
mandar tudo às ortigas e estabelecer-me e aos meus numa ilha de papo para o ar.
Para os outros também menos os políticos, os neo-liberais, os populistas, os
evangélicos desonestos, os cristãos desonestos, os muçulmanos desonestos ( não
conheço nenhum budista desonesto) e todos os que não forem desonestos nem
estúpidos.
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