Estavam num teatro e morreram. Não porque se representasse um drama, uma tragédia terrível e muito intensa, que pela emoção causada, muito forte, muito forte, tão forte que inaguentável, matasse os espectadores. Não. Estavam num teatro e morreram sem que se estivesse a representar alguma peça. Foi o real que aconteceu, com a sua nudez, e por vezes crueldade, que os matou por estarem li, talvez mesmo por essa razão: porque estavam ali. Não tinham para onde ir, esgotaram-se todas as opções. A guerra não se abateu mortal sob o teatro, abateu-se por todo o lado e as pessoas não tinham pontos de fuga, as bússolas deixaram de funcionar, perderam os caminhos certos das grutas escuras e frias e doentias e irrespiráveis, mas que lhes davam protecção. E quando é assim, quando se perde o norte e o sul, perde-se a luta contra a guerra, que se apodera dos nossos cadáveres, insaciável, nós que perdemos o sentido de orientação e já deixámos de saber viver. Ou desistimos
E que bem descreve a tristeza que é.
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