Numa
janela do prédio em frente, a menina brinca no seu mundo. Sem medos, os poucos
são sustos. Episódios espontâneos, vão e vêm, esquecidos rapidamente.
A
sua ingenuidade da vida é a sua melhor protecção. Brinca com as suas coisas,
fala com a sua companheira invisível, e é feliz.
A
mãe (deve ser a mãe), recorta em cartolinas coloridas figuras de animais, e
cola-as na janela. Assim a menina ao olhar para esses magníficos animais das
selvas e savanas africanas, sobre o fundo azul do céu que se projecta do outro
lado da janela, sonha mais. É um teatrinho das duas, a sua forma de
cumplicidade.
De
vez em quando aproxima-se da janela para dizer adeus. Não faz perguntas, não
acha estranho que na rua não haja sinais de gente nem carros.
Para
ela tudo continua bonito, e também tudo misterioso, é assim a infância. Há tudo
a descobrir para se tornar familiar.
São
assim as crianças, em tudo põem beleza.
Basta
distanciar-se um tudo nada da janela e deixo de a ver, mas sabei pela observação
que todos os dias faço debruçado no parapeito da minha janela, que ali, no
outro lado no espaço vazio, vive uma menina feliz a crescer para ser mulher.
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