Os
olhos, redondíssimos, enormes, eram de um preto límpido, cor pura. Sobressaindo
ainda mais e hipnotizando onde os pousa, cercados de branco cristalino, o
branco absoluto.
Deixou-me
uma impressão forte, cunhou-me a ferro e fogo, um instantâneo para mais tarde
recordar, num desses dias preguiçosos, em que memórias sobem à linha de água,
para nos atormentar com coisas passadas, ou então deliciar-nos. Será o caso.
A
mais franca das vontades, não encontraria palavras para descrever essa beleza,
para mais apimentada de mistério, já que do seu rosto, a anunciar pelos olhos,
nada mais se podia ver.
Fica
o jogo da imaginação, ou a desilusão sem possibilidade de um reencontro futuro.
Essa
mulher em todo o seu potencial de ser lindíssima, mas não o saberemos nunca ao
certo, tinha o rosto tapado, por uma máscara obrigatória.
Lembro-me
dos rostos enigmáticos das mulheres de niqab, negros trajes a caírem pelos seus
corpos com contornos e sou transportado para outras geografias.
O
mundo assume reconfigurações novas, vindas do inesperado.
Nós,
adaptamo-nos a imaginar o belo nos seus pequenos sinais.
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