Liberdade de expressão ou libertinagem na expressão.
A primeira é uma atitude. Pede inteligência, gosta do caleidoscópio das ideias, respira diálogo.
A segunda alimenta-se da crença desviada de que “liberdade, Igualdade, Fraternidade” são direitos adquiridos e universais, livre-trânsito para a violação do sensível. Um vale-tudo garantido, e só com uma via: a dos direitos adquiridos e sem deveres, porque um homem “livre, igual e fraterno” não se verga perante ninguém, muito menos às amarras do dever.
O libertino é um ser voraz no consumo de si próprio e do que o rodeia: é um eucalipto.
O problema está em que o homem que é um ser embrulhado por muitas camadas, apesar das invenções magníficas que consegue realizar, evoluiu pouco nos convívios sociais desde o dia em que deixou a caverna e começou a construir cidades.
É um egocêntrico com laivos de compaixão.
Poder pensar tudo não é fazer tudo. Este é o síndrome do filho único (nem todos): está tudo a meus pés e se me contrariam faço birra, que os papás logo vêm pressurosos depositar o mundo à minha frente.
Não podemos fazer tudo. Nem desculpar tudo. E podemos com a maior das certezas e convicções – mais não sejam filiais, que são universais – dar uma valente de uma murraça bem encaixada ao mentecapto que chama nomes à nossa mãe.
Não se pode tirar a vida a ninguém, em substituição dos arbítrios da natureza que tem a sua agenda própria sobre essa matéria.
Não se pode igualmente, sem escrúpulos na consciência provocar os limites dos outros, em nome desse postulado enunciado - que todos eles permitem as mais variadas das interpretações.
Andamos aqui às voltas com este tema enquanto o silêncio permanece denso e cortante sobre o massacre de Baga. Num caso como este não há postulados que valham, porque se trata da mais primitiva das barbaridades assobiada para o ar pela mais primária das hipocrisias (a nossa).
Resta-nos a Pena, um menosprezo disfarçado, um não sentimento, um incómodo pessoal passageiro, até que um dia nos bata à porta e não lhe reconheçamos o nome.
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