Pelo sopro que escapa na frincha de uma
porta de uma cela, um indivíduo sequestrou um país, refém desavisado, pronto a
morrer em vão – ou porque merece essa sorte – nas mãos de um grande
manipulador.
Vivemos o tempo do Homem-media que alimenta o “homem-massa”(1),homem que
“erra sem objectivos pela vida, livre de qualquer esforço intelectual, sem
referências, verdades ou princípios orientadores. Sem orientação espiritual, e
que se agarra às massas e deixa-se levar por elas”(1), só preocupado consigo e
os seus ganhos de materialidade fácil.
Os momentos efémeros de glória e posse
(material) deste homem massificado afirmam-se na sorte de uma epifania a
acontecer num centro comercial num dia com algum dinheiro no bolso, tudo se
resume a isso e ao azedume persistente nos lábios.
O homem-massa alimenta-se dos
sensacionalismos, das banalidades, e de sonhar que um dia virá a conduzir
fugazmente um mercedes branco.
Este Homem-media que agora se fala, é um prisioneiro na
plenitude de todos os movimentos numa cela sem paredes,mas um grande
mestre no entendimento do homem-massa contemporâneo.
Ele sabe que “os mass media são a melhor escola para os demagogos,
e de como estes retiram o seu poder do facto de o povo, à força de se alimentar
de uma linguagem que mais não faz do que simplificar, não compreender mais
nada, nem querer ler ou ouvir coisas diferentes” (2).
Ele utiliza esse foguetório de
escândalo, queixume e provocação, vitimização e rebelião, para pôr a vida do
país dos homem-massa em suspenso.
"Sou tudo eu, os outros são eu, a vida como é conhecida no universo, sou eu". É este o seu lema.
Deixou de haver passado, não há futuro,
até que o Homem-media decida
por todos.E também não há amanhã, enquanto alguns jornais comerciarem demagogia
ao custo de um euro, mesmo havendo quem os compre para ler (ouvir, ou ver) as
novelas das tragédias e dramas e comédias- rasteiras e banho maria.
Ainda assim, outros resistem a isso. O
enviesamento está no leitor!
As pessoas gostam de sentir o calafrio
das armadilhas da miséria humana que se reflecte no que leem ou veem, para
terem a desculpa insana de justificarem a sua condição de passivos egoístas.
Nas teses de licenciatura dos homem-media,
cai bem esse espírito nas massas, e este em particular – príncipe dos príncipes
– domina todas as narrativas.
Daí e porque é o melhor parceiro das
audiências, todos correram histéricos para a conservatória do registo
civil mais próxima, e não parece que haja algum meio que se dê ao luxo de anular o
casamento mesmo sabendo que a mulher é dissoluta, e os filhos venham a
sair enjeitados.
Hoje não é o dia cinco de 2015, é só e
infelizmente o dia trezentos e setenta de 2014, em que se vão continuar a
consumir em “prime time”, os programas preferidos do homem-massa.
(1) “Rebelião das Massas”, Ortega y Gasset
(2) Karl Kraus, humorista vienense
nos princípios do Séc.XX
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