Anda, vem comigo. Puxa brilho nas botas, e dá um passo. Um chega
para nos pormos a caminho.
Se aceitares esta proposta indecente, mas delicíosa, somos dois.
Sendo dois convencemos muito melhor o terceiro, está em inferioridade numérica
e vai vencer a inércia de espectador, vai querer juntar-se à maioria.
Sendo três somos muitos, toda a gente nos vai acompanhar. Sem
nos darmos conta, somos quatro e cinco e infinitos números e quantidades, uma
multidão a caminhar, senhora de todos os pontos cardeais, com prazer e
fidalguia.
Não tenhas nem a menor nem a maior das dúvidas, os nossos passos
fazem tremer o chão, e as cabeças. Não importa que as passadas sejam síncronas
– pelo contrário, não queremos dessas – basta serem passadas na companhia de
amigos, para se dar um belo de um passeio. E com certeza que chegaremos lá, ao
fim de um dia bem caminhado e decisões tomadas no acordo de termos todos
trocado impressões enquanto andávamos.
Cansados, despedimo-nos bem dispostos e vencedores, combinando a
próxima saída.
Anda, vem comigo. Puxa o brilho nas botas e dá um passo. Não
fiques em casa.
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