No reino animal o suicídio acontece pouco. Acontece julgamos nós (que não estamos na cabeça dos animais) sem razão pensada deles, por desencadeamento de mecanismos dúbios. Só os homens o fazem por vontade própria, e geralmente tomam tempo para decidir a forma e o momento, ou quando estão encurralados. É um acto difícil de julgar. Cobardia para uns, da maior das nobrezas em espíritos de índole romântica. Seja como for é uma decisão de grande responsabilidade, mesmo para os partidários da amoralidade nos acasos do universo. Tento entender essa possibilidade, compreender os becos sem saída, o cansaço absoluto, a situação terminal. Não sei o que me espera e ainda bem. Lamento não estar confortável com conjugações karmicas , chamamentos a paraísos paradisíacos, sacrifícios humanos para ganhar a vida eterna. A minha espiritualidade, boçal e eventualmente mesquinha, resume-se a cumprir a única existência que conheço: este momento. Amanhã, gosto de olhar pa...