Os seios, dois, brasileiros, robustos,
vastos, desfraldando-se sobre um decote abusador.
Hora do banho. Velhíssimo. Sem identidade, como quem perdeu as chaves de
casa, nem o seu nome conhece. Cortina densa e branca que cobre a memória.
Á água quente é agradável. Não é. Não se sabe. A massagem delicada e
minuciosa do sabonete pelo corpo faz espuma, amacia. É possível.
Num momento sem medição, o rosto, enrugado, cinzento, transforma-se. Um brilhozinho
nos olhos, cara de puto. Parece ser o esboço de um sorriso matreiro.
São os seios, dois, brasileiros, e a mão que passa o sabonete e contorna
contornos.
Após o instante infinitesimal de gosto e vida, um novo apagão. Treme agora
com frio apesar da toalha embrulhar o corpo.
Esgota-se o dia no cadeirão, manta nos pés, a cabeça pendida para um
lado. Televisão estridente e popular. A comida é sempre a mesma, mas não se dá
conta.
Ela é a melhor cuidadora do lar, vai ao pormenor.
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