Um homem e uma mulher abraçam-se
demoradamente. Não são novos. Abraçam-se como se estivessem a representar uma
despedida definitiva.
Um jornalista faz uma pergunta.
Vai regressar ao seu país, defender o seu país distante.
Entende-se agora a razão desse abraço, ou não.
A mulher também vai com ele.
Do que eles se despedem agora é deste país de cá, também deles, e desta paz do sol e dos ventos suaves, e das gentes amáveis e das cores tão fortes ,mas nada é garantido.
É essa coisa estranha, difícil de explicar, de compreender. Que tipo de sentimento, de amor, esse? A quê? À terra? A uma língua? A uma identidade colectiva? A uma cultura? Não se sabe, nem interessa, que decisão tão difícil, ou se calhar tão fácil, homens e mulheres fazerem a viagem em sentido contrário: da sua terra de acolhimento e onde já lançaram raízes, para voltarem à terra de origem. Da protecção e do conforto para o medo atroz de uma guerra. Para defenderem a sua ideia, íntima e pessoal desse amor mais forte do que tudo, que os impele ao regresso e pôr a disposição da sua vida, nas mãos do acaso, num desfecho imprevisível. Corajosos? Loucos? Sentimentais? Não se sabe. São homens, não são deuses, os deuses não tomam partido, nem lutam. Só os homens, porque sonham, porque constroem nas suas cabeças ideias e arquitecturas, e porque sentem e emocionam-se e alimentam e escrevem biografias das suas pátrias, afinal, não são pedaços grandes ou pequenos de terras, mas neles próprios, nas paredes internas suas, que forram com essas epopeias, na dimensão dos seus pensamentos, geografias maiores que o alcance de qualquer míssil balístico e opressor.
Vejo hoje na televisão, ucranianos com família feita cá, a despedirem-se e porem-se a caminho para protegerem a sua utopia. Essa foi a imagem mais forte do meu dia. E no íntimo, no recato, ao ver essas imagens, apeteceu-me também ir: defender a minha ideia de liberdade, para um país que não sendo o meu, é minha essa gente que volta para o defender.
Nenhum ditador nem louco, conseguirá uma vitória nessas condições. Não há armas de destruição massiva que matem uma vontade assim, animada pela precursão das batidas fortes do coração.
Um jornalista faz uma pergunta.
Vai regressar ao seu país, defender o seu país distante.
Entende-se agora a razão desse abraço, ou não.
A mulher também vai com ele.
Do que eles se despedem agora é deste país de cá, também deles, e desta paz do sol e dos ventos suaves, e das gentes amáveis e das cores tão fortes ,mas nada é garantido.
É essa coisa estranha, difícil de explicar, de compreender. Que tipo de sentimento, de amor, esse? A quê? À terra? A uma língua? A uma identidade colectiva? A uma cultura? Não se sabe, nem interessa, que decisão tão difícil, ou se calhar tão fácil, homens e mulheres fazerem a viagem em sentido contrário: da sua terra de acolhimento e onde já lançaram raízes, para voltarem à terra de origem. Da protecção e do conforto para o medo atroz de uma guerra. Para defenderem a sua ideia, íntima e pessoal desse amor mais forte do que tudo, que os impele ao regresso e pôr a disposição da sua vida, nas mãos do acaso, num desfecho imprevisível. Corajosos? Loucos? Sentimentais? Não se sabe. São homens, não são deuses, os deuses não tomam partido, nem lutam. Só os homens, porque sonham, porque constroem nas suas cabeças ideias e arquitecturas, e porque sentem e emocionam-se e alimentam e escrevem biografias das suas pátrias, afinal, não são pedaços grandes ou pequenos de terras, mas neles próprios, nas paredes internas suas, que forram com essas epopeias, na dimensão dos seus pensamentos, geografias maiores que o alcance de qualquer míssil balístico e opressor.
Vejo hoje na televisão, ucranianos com família feita cá, a despedirem-se e porem-se a caminho para protegerem a sua utopia. Essa foi a imagem mais forte do meu dia. E no íntimo, no recato, ao ver essas imagens, apeteceu-me também ir: defender a minha ideia de liberdade, para um país que não sendo o meu, é minha essa gente que volta para o defender.
Nenhum ditador nem louco, conseguirá uma vitória nessas condições. Não há armas de destruição massiva que matem uma vontade assim, animada pela precursão das batidas fortes do coração.
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