O
Darwin, um cão que nos habitamos juntos e julgo com prazer comum, é de uma
grande seriedade. Por vezes chego a pensar que é ele o adulto e se calhar é. Claro
que tem as suas coisas de cão, que a nós nos incomodam por acharmos primitivas
e deseducadas. Lamber tudo e mais alguma coisa, sem pudor absolutamente nenhum,
cheirar inconvenientemente partes mais susceptíveis, ter um apetite voraz, roer
objectos que não deviam ter nenhuma relação directa com esse facto e que alguns
deles nos fazem falta para o dia-a-dia, estar sempre com vontade de alçar a
perna e não olhar a quê, ter uma fixação doentia por um sofá ou uma cama,
sempre que lhe for possível, mesmo em detrimento total da sua magnífica cama
com lençóis e tudo que custou os olhos de uma cara generosa. É no entanto e
como dissemos muito ponderado. Não alimenta discussões, aceita pontos de vista
diferentes sem hesitações, ouve quando tem de ouvir, não se mete nem em
política nem na vida dos outros. Não demonstra religiosidade nenhuma nem nenhum
tipo de fé ou crença, E mais, não fala, o que é excelente porque assim nunca se
virá a arrepender de ter falado de mais. Estas qualidades e outras, são tantas,
fazem-me muito feliz por o ter por companheiro. Não sei se ele pensa o mesmo de
mim, eu esforço-me por isso, e bamboleando-me cada vez mais para pieguices, não
paro de o enaltecer, tirar fotografias em todas e mais algumas posições e
ângulos, e sobrecarregar as caixas de mensagens dos meus familiares e amigos
próximos cada vez que o meu Darwin, executa uma gracinha ou tem um
comportamento tão humano tão humano, que chego fugazmente a pensar que é mesmo.
Não
gosta de tomar banho, se tenho alguma coisa a apontar.
Comentários
Enviar um comentário