O
belo voo do flamingo e a graciosa forma como saltita as suas pernilongas no
delta de águas pouco profundas e tépidas do rio, que classe. No inúmero reino
das aves ganha destaque na sua finura, no porte, na forma tão educada como se
apresenta perante a plateia do mundo. É nesta ave educada que podemos confiar.
No convívio com as outras espécies e famílias, é amistosa, não alimenta
conflitos desnecessários e dada a sua absoluta falta de ambição – não tem
outros desejos senão ser flamingo – não apresenta ameaça para os outros. O
flamingo preenche a sua ideia de felicidade e realização, nos chapais calmos
dos rios. As inimizades que se lhe conhecem são os aviões, que não sendo aves,
são uma imitação de produtos compósitos.
Seres de uma propositada frieza metálica, ausentes de qualquer tipo de
sentimento e muito arrogantes, creem-se os soberanos dos céus e como são
cretinos, pela sua falta de discernimento vão acabar por ganhar o território dos céus , porque os
cretinos juntam-se mais facilmente e em número tornam-se invasivos e alteram os
equilíbrios dos sistemas. Não há ave que aprecie os aviões. Um dia, estes
resolveram invadir a tranquilidade dos chapais dos flamingos, numa pista que
estava esquecida e de repente se transformou um inferno de movimento de aviões
e pessoas. Os flamingos, aos milhares, acompanhados de outras aves com os
mesmos sentimentos, resolveram todos os dias, a todo o momento, lançar do alto
dos seus voos planados, os seus excrementos. Foi a sua forma de protesto. Isso
em nada afecta o bom funcionamento dos aviões, mas deixa-os constantemente
sujos. E mau aspecto é um ar que ninguém no seu juízo quer ter. Aumentaram e
muito as lavagens repetidas das aeronaves e por esse detalhe aumentaram também os
custos operacionais das companhias, o que se solucionou com o aumento das
tarifas aéreas. Os flamingos continuam na sua luta mas os aviões não param de
aumentar.
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