Os
homens, exaustos, terminaram todas as guerras num dia esplêndido de sol, dia
que estava a pedir um piquenique no campo. Havia ainda flores, cores. E abelhas.
Não se tendo dado conta da sua ausência, o ruído foi de tal ordem com o passar ininterrupto dos aviões e dos mísseis balísticos - que nunca se ouviria o chilrear - agora percebia-se claramente a sua presença no céu, e pousando nas árvores. Os pássaros.
Não se tendo dado conta da sua ausência, o ruído foi de tal ordem com o passar ininterrupto dos aviões e dos mísseis balísticos - que nunca se ouviria o chilrear - agora percebia-se claramente a sua presença no céu, e pousando nas árvores. Os pássaros.
Os
homens, em acordo, depuseram as armas, atiraram os pesados capacetes para longe
da vista, abriram os botões dos dólmens, descalçaram-se deixando ver os dedos a
saírem de meias rotas.
Acenaram
e assobiaram alto para todos os que estavam no outro lado. Estes acenaram e
assobiaram igualmente.
Em
todo o sítio e em todas as guerras estes procedimentos foram seguidos para os
que estavam nos lados opostos, com respostas muitos positivas.
Animadoras.
Depois
de reunidos todos os homens, sobrantes das longas guerras em curso, fossem elas
pequenas ou grandes, cavaquearam banalidades.
Fumaram,
apreciaram o bom tempo e contaram banalidades deve repetir-se. Há quem tenha
mostrado fotografias encardidas dos filhos e das mulheres que amam.
Na
falta de víveres e de vinho, fingiram que se banqueteavam, mas foi um
piquenique que não há memória.
No
dia seguinte, muito mais lúcidos, recompostos, cada um dirigiu-se à sua vida
para reconstruir os cacos do mundo.
O
mundo, não precisa dos homens para nada, mas gosta de os ver felizes.
Animados.
Desculpa-os, porque é sentimental.
A
partir de hoje, dia seguinte a ontem, diz-se que não vai haver mais guerra.
Comentários
Enviar um comentário