No cimo de uma colina, uma qualquer, todas, olha-se descendo, o rio que se vê por uma nesga.
A cidade tendo , não tem vistas amplas para o rio, só
rasteiramente, perto de si, estando ao nível, e nessa situação a vista
nunca é ampla.
A cidade também é dos miradouros, mas mesmo esses amplos são igualmente acanhados, ente colinas.
A cidade também é dos miradouros, mas mesmo esses amplos são igualmente acanhados, ente colinas.
É na estreiteza de uma rua entre prédios ainda pombalinos, que
se acabam, que se afunila a vista, focando melhor e se consegue ver bem o rio, que é um mar,
da palha, porque tem brilhos.
Dourado nos dias quase todos de luz intensa, sendo um chumbo
suave nos invernos todos eles praticamente humildes. Ganham largamente os
primeiros aos segundos.
O olhar desce portanto a rua ingreme dos eléctricos, apoiando-se
aqui e ali, porque a calçada é irregular, e vem molhar as pupilas e a Íris à
sua beira, descalça-se, fazendo-o para se refrescar.
Uma vez nesse embalo, distrai-se com coisas,com um cacilheiro, lá ao fundo, que vem parece lentamente, dos lados de lá.
Igualmente, nas fronteiras meridionais desse falso mar, que é um
rio, mas extenso, uma estrutura provavelmente enorme, férrea, já que se vê ampliada, publicita um nome. Talvez seja o da cidade do outro lado.
Um rio que tem duas cidades não é de desprezar.
Afinal esse nome escrito em proporções inabituais não anuncia
uma cidade, é um nome que já não existe, o de uma coisa nenhuma. Ainda assim,
nesse enquadramento não fica mal.
Nunca atravessei o rio, não tive essa curiosidade nem a coragem
de chegado à outra margem poder ver a minha cidade ao contrário. Podia ser uma desilusão, eu não arrisco coisas fracturantes, deixam marcas para sempre.
Também, não o faço porque me contento, pleno-me mesmo, em captar os pormenores que imagino vendo essa
fotografia, a duas cores, que as apresenta todas, belamente retratadas, para o
deleite dos meus olhos.
Há uma só coisa, fundamental, que não me é dado saber, mas
desconfio: de que cor é o papel de parede que forra os olhos do autor, fotografo
poeta?
Tudo isto numa fotografia, que decidi guardar, no lugar de mais
destaque no lugar das fotografias que transporto na minha carteira, o meu
panteão pessoal de vivos e mortos, que resolvi por decisão intima e só minha,
amar incondicionalmente.
Não perco uma oportunidade de mostrar esta fotografia aos
desconhecidos e outros, a bela fotografia da minha aldeia.
Ou será que é a maior metrópole do mundo?
Gasto-a, só de a ver
viver, tirando-a constantemente da carteira.
Obrigado Nuno.
*
Nuno Correia - amigo e fotografo
https://www.behance.net/nunoalc
Obrigado Nuno.
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Nuno Correia - amigo e fotografo
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