Créditos Helena Simões da Costa
Sente-se o epílogo do verão
na acalmia do calor ao entardecer.
Os dias equilibram-se com as noites,
as manhãs estão mais frescas.
Lisboa vive a sua glória,
os melhores ocasos do ano.
O sol despede-se alinhado com a entrada do
Tejo no mar, fingindo-se debruçado sobre uma janela que não existe à sua espera.
O céu deixa de ser o pouco mais que azul,
dos dias de quotidiano obrigatório e
projecta uma profusão desbragada de cores
intensas,
numa luminescência teatral.
O prémio para a mais bela cidade dos
arredores
reside nessa excentricidade sua,
que é minha e intransmissível,
sob a perspectiva do meu sentido de posse.
E,
Se um dia, nos meus dias,
esse espectáculo esmorecer,
tenho a projecção da excentricidade colada na
parede que me reveste o interior.
A minha decoração privada
para momentos de névoa intensa,
que são bonitos, mas inseguros.
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