Alfredo Manuel espera que o mundo não acabe hoje porque tem um sonho, dos que estão em falta, e quer realizá-lo. Em todo o caso, a acabar, nunca acabaria para todos ao mesmo tempo, e até pode calhar ser dos últimos: a acabar com o mundo.
Ele pertence aquele grupo talvez reduzido de pessoas, que dá vida aos sonhos: é um pragmático.
Esse seu sonho não é ideológico, não é excêntrico, nem se aproxima vagamente de uma utopia. Não é um egoísmo ou uma derivação narcisista. É uma ideia simples, tão simples que se pode perguntar porque motivo ainda não o concretizou.
Pode ser que não seja assim tão simples e ele seja uma pessoa com boas intenções o que por vezes não basta.
Alfredo Manuel quer fabricar a uma escala de linha de montagem com produção diária de centos de milhões, o comprimido da felicidade: o maior dos mais inantigíveis bens em estado de fruição permanente.
Estão identificadas as hormonas do prazer e do bem-estar, sabem-se os assuntos que arreliam os homens, descritas e em manual todas as maldades e torturas, as tramas do amor e do desamor e de como se dá a volta a esses temas, as relações do poder, o dinheiro, as ambições desmedidas, todas as designações para a loucura nas gradações que vão da totalmente inofensiva, à maior das vilanias e o que nem se pode nomear.
A ciência conhece hoje moléculas que conjugadas dão poucos ou nenhuns efeitos secundários, e mesmo assim Alfredo Manuel, o pragmático, adia todos os dias a fabricação do nirvana na terra, a preço de comparticipação barato.
Tem medo de falhar, porque só tem uma oportunidade, e se falhar nunca mais até ao último dos seus dias, poderá explicar a si próprio e aos filhos que não vão perdoar, porque razão lhe escapou das mãos a felicidade do mundo.
Há sonhos que nem para os pragmáticos. Apesar da boa vontade, falta-lhes sempre qualquer pormenor, de tão simples, que não se está a ver.
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