No miradouro do castelo de são Jorge,
não vislumbro todo o mundo,
avisto o meu mundo todo.
Há dias que me emociono de o ver,
estendido, assim, perante mim.
Outros em que o repudio,
com essa ideia que agora tem
de se deixar levar
por uma certa lassidão.
Arranja-se demasiado para os outros,
desarranja-se-me.
Gostava de o ver simples,
sem a cara esborratada de batons exuberantes,
como era.
Não preciso de grandes mundos,
para ser do mundo.
Prefiro-o pequeno e maneiro.
Na dimensão de o poder agarrar,
ou assim julgo,
quando encostado ao beiral do miradouro,
estico os meus braços e toda a sua extensão
até à ponta dos dedos.
E,
fechando os olhos depois de o ter absorvido,
o mundo,
imagino-me num prolongado abraço,
a apanhar com a posse toda de ser meu,
o perímetro inteiro da cidade, a que eu chamo mundo.
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