Perdemos um amor, algures, nos fios que tecem a vida. Um grande
amor ou a sua possibilidade. Num desencontro de minutos, à porta de um bar,
numa paragem do eléctrico, na nossa cabeça, num equívoco da nossa cabeça, numa
ilusão enganosa, numa desilusão anunciada.
Há amores que ficam amarrados a um cais, fazem-se estátua.
Encontramos, perdemos, voltamos a encontrar, perdemos uma vez
mais. O mundo rodopia sem misericórdias nem sentimentalismos, não tem alma mas
é a casa da nossa. Não encontramos quem julgamos que queríamos, não sabemos
quem queremos encontrar, perdemos quem não sabíamos que queríamos e afinal estava
ali, à distância de uma mão aberta, fácil de acariciar, que se esfumou num
nada.
Mal decididos,
desassossegados.
“Gira que
gira/E torna a girar/A vida que querias/Não te posso dar.”
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