Numa
ausência total de luz, em trevas muito densas e feias,
Faiscou um
relampejo.
Eu, Selma,
mártir entre os homens, oferenda dos
deuses e para vergonha de ambos,
Lancei das
alturas celestiais onde me encontro,
Um míssil de
flores luminosas, com um feitiço.
Clareou-se o
céu de todos os conflitos, numa chuva intensa de pétalas luminescentes.
Irradiou luz
e espalhou na terra sensações de bem-estar.
Atónitos,
desconcertados, sem antídoto contra os meus poderes de feiticeira boa, os
homens desavindos depuseram as balas e as pedras.
Alguns
conseguiram chorar e não se sentiram mal por isso.
Nessa
bebedeira de emoções intensas, desataram aos abraços e aos beijos, escolheram
pares aleatórios e dançaram - mesmo os coxos.
As crianças
fizeram as travessuras que lhes compete, sem necessidade de conceitos
geo-políticos na sua cumplicidade de crianças:
São
ingénuas, não se enfrascam de rancores.
Eu, Selma, a
eterna virgem, a neonata e logo a neo-póstuma,
Ofereci-lhes
o doce sabor das tâmaras do paraíso! O mel da paz.
Foi esse o
meu milagre da ressurreição,
A travessura
de uma criança irrequieta que não chegou a ser.
Destas
alturas alucinantemente altas onde me encontro, desfruto que nem uma perdida,
desse espectáculo balístico:
Enviei um
míssil que não mata, para desconcerto dos “senhores” do mundo.
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