A espuma das ondas, na rebentação, são o último suspiro, inglório, tudo é vão, na areia humilde da praia, ponto final da vida. No palco da representação das coisas e dos seres e da mistura de ambos, a espuma é um actor secundário. O esgar derradeiro da onda, antes plena de energia, vida pujante, não vale nada, nada vale nada. A espuma das ondas, ou dos dias, ou dos acontecimentos, nunca será um protagonista das histórias. É somente espuma, esfarela-se em coisa nenhuma, um fogacho, uma insignificância. Neste teatrinho do faz de conta e do mesquinho e desvalido, todos espumamos importâncias, reivindicações de atenção, gritinhos mais altos, embandeiramos verdadezinhas nossas, vendendo-as como absolutas, cavalgamos poderes pífios, tentamos ser alguém quando já o somos pelo acto de nascer, não porque somos mais estridentes. São as ondas que interessam, esse fluxo inexorável de tempo e espaço, essa deslocação constante de todas as peças do universo, que até podem ser...