Não sabem o que os espera e o que
os espera não é bom. Não há fugas bem-sucedidas para a liberdade. É um logro
andar atrás dela. Escapa-se sempre que batemos à porta. Procurando-a – são
jovens, impetuosos – vagueiam sem norte, vão ao engano. Arriscam tudo, até a
vida. Iludidos pela esperança, a grande hipnotizadora. Venderam-lhes caro
prospectos de publicidade falsa com imagens coloridas. Essas imagens não
existem. Não há paraísos na Terra, só nas cabeças das pessoas.
Não venham, não há um lado bom e um
lado mau. Este lado tem tantas coisas más como esse. Será mais confortável mas
para poucos. Muitos de nós se tivéssemos onde e como, também partíamos. Não
venham, mas se vêm, fazendo frente e coragem a trabalhos incongruentes e
cruéis, qual Hércules, um menino de contos, é porque aí não se está nada bem,
para vos levar a um acto desesperado, vencer mares e muros, e tantos a ficarem
pelo caminho, feito de desertos inclementes e águas traiçoeiras. São tão altos
os muros e fica-se tanto, tantos, pelo caminho.
Aqui não está nada fácil, mas se
tiverem mesmo que vir, venham que há sempre lugar para mais um.
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