Uma nuvem. Nada mais senão estar. Imóvel, a olhar para a nuvem. Preencher
dessa forma absolutamente letárgica, todos os requisitos do repouso.
A provocação que foi até se chegar aqui. Querer e não poder. Ter
episódios de febrícula, fugazes, mas muitas vezes repetidos nos imensos dias
que completam todo o ano.
Porque faltava a nuvem, olhá-la (não é verdade, ela
estava e sempre o esteve no céu, não se olhou, foi isso).
A falta que fez, estar estendido, sem pose, com intenção nenhuma
especial a não ser a de olhar para a nuvem, no verão.
Aceita-se para o mesmo efeito e como sendo uma belíssima e recortada
nuvem branca, uma copa de árvore, ondas encaracoladas, um espelho de água
condigno. Aceita-se mesmo olhar parvamente para os detalhes do papel de parede dos
forros interiores das pessoas.
Sem mais intenção se não, a de não ser nenhuma.
Por ser verão.
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