Não havendo
estações do ano, uma luz, um reflexo, um restolhar de folhas caídas ao acaso, sopradas
por ventos transparentes, folhas que mudam de cor, ontem verdes hoje cobre, um inesperado cortejo de pássaros, lá no alto,
voando tão longe, pontilhados de negro sob fundo azul, tantos, dias tímidos,
que nos trazem à memória o tempo em que havia estações. Com o encadeamento
certo, fidedigno, confiável.
Era expectável
o ciclo da mudança de estação, a transformação, tranquiliza saber com
o que se pode contar. Cada uma um recomeço – ou continuação - que habitava a harmonia de tudo.
já não é assim, as estações foram vencidas pelo imprevisto, e pela forma sedutora em que ele por vezes se apresenta, há o risco de que o imprevisto possa tornar-se numa poesia e ser genial. Também pode ser catástrofe, ou no mínimo um aborrecimento que altera a fragilidade da posição equilibrada das coisas e dos homens.
já não é assim, as estações foram vencidas pelo imprevisto, e pela forma sedutora em que ele por vezes se apresenta, há o risco de que o imprevisto possa tornar-se numa poesia e ser genial. Também pode ser catástrofe, ou no mínimo um aborrecimento que altera a fragilidade da posição equilibrada das coisas e dos homens.
Hoje já só
figuram alguns dias tímidos disfarçados de estações, que logo se apagam no
apagar dos dias. São tentativas de nada, resquícios desse antigamente que foi
ontem. aparecem e desaparecem, em situações impróprias, deslocados, fora do seu tempo natural, erráticos.
Esta reflexão
letárgica num caramanchão coberto de cachos de uva quase madura a olhar para o
infinito da linha do horizonte, a querer dizer que hoje está um final de dia
com gestos de Outono, mas estaria a mentir-me nessa falsa esperança, já que
amanhã, pode ser de novo frio, ou muito quente, ficando nós sem saber se está
para chegar o inverno ou o verão. Quem devemos esperar? como o vamos receber?
O cheiro a
campos de outono que se sente hoje no ar e o pausado entardecer com uma luminosidade
suficiente para criar ambiente (não é assim a luz de Setembro? neste caso num Agosto que já é Setembro), embala a toada
do sonho no palco do real.
O morador temporário desse caramanchão, deixa-se levar. Ele é uma pessoa de princípios, gosta do outono, do inverno, da primavera, do verão, e acima de tudo, gosta de estar vivo para decidir do que gosta, e tomar decisões acertadas ou completamente estapafúrdias.
O morador temporário desse caramanchão, deixa-se levar. Ele é uma pessoa de princípios, gosta do outono, do inverno, da primavera, do verão, e acima de tudo, gosta de estar vivo para decidir do que gosta, e tomar decisões acertadas ou completamente estapafúrdias.
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