A utilização
de termos brejeiros e jocosos, em tons de ironia arrogante, são impróprios ao
decoro dos representantes eleitos à
Assembleia da República ou a outros orgãos de soberania. Assim como é imprópria
uma postura desleixada ou encenadamente blasé.
Não se está
a fazer a crítica do humor ou da boa disposição. O bom humor é difícl e
inteligente – por isso escasso, geralmente muito escasso nessas pessoas.
Cenas de uma
caricatura muito fraquinha, a menos que consequência de causas artificiais desencandeadoras
desses comportamentos - que se desconhecem - são embaraçosas para todos.
Não temos
outra alternativa senão assistir impávidos e estupefactos à confrangedora
imagem com que recorrentemente (parece que escolhem a vez), algum desses
representantes da nação nos mima.
Confrangedora,
patética, triste, pequenina, muito rasteira.
Não
podemos fazer nada!
Chegamos a
um momento da nossa democracia, ou ao seu estertor, em que já não são só as
luzes vermelhas e histéricas a piscarem insistentemente anunciado a explosão
eminente do sistema, que nos alarmam.
Estamos no
momento – talvez de não retorno – em que o nível, a qualidade, o profissionalismo da classe política, ultrapassou o limiar do aceitável. Dando-se – e aleatoriamente porque há muitos
por onde escolher – o exemplo da (falta) educação e (desrespeito) das regras de
convivialidade, que são um dos termómetros que mede a febre – e a existência de
infecção - na sociedade.
Os senhores
dos botões de punho e dos fatos de alpaca, arrotam e comem com a boca aberta.
Os senhores
palitam os dentes com palitos de prata e limpam as beiças perfumadas com a mão
- e esta limpa-se à toalha, debaixo da
mesa.
Os senhores bebem
quantidades imensas de vinho francês e continuam a arrotar.
Os senhores
expelem gases em público mas ninguém lhes faz reparo, porque são ministros,e
nem os deixam de convidar.
A maralha do
outro lado do ecrã, também de boca aberta a mostrar cáries, incrédula, não acredita
no que está a ver.
Uns imitam, porque se os importantes fazem é porque é fino.
Outros enervam-se, dizem asneiras e
ensaiam sopapos de violência doméstica. Outros ainda, comedidos e lúcidos ficam muito preocupados,
preocupados porque ainda não conseguiram pôr os filhos do outro lado das
fronteiras a salvo destes tempos tenebrosos.
E sai um
copo três e um pastelinho de bacalhau para a mesa do canto!
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