Esta história de falarmos do meu tempo, do teu tempo, o tempo perfeito e completo, é uma confidência receitada piedosamente aos que foram cilindrados pelo rolo do tempo que pavimenta os caminhos. Naquele meu tempo e teu também, o jardim estava engalanado de uma fonte que jorrava luzes monótonas e previsíveis de vez em quando, tinha patos residentes e os brasões do Império, não ilustravam as fotografias dos turistas porque não os havia e não os havendo, não se tiravam fotografias. Nós, os putos, cirandávamos por esses domínios, soltos e felizes, fazendo das “nossas”, como compete fazer aos catraios. Muito por engano, ou transvio nesse espaço amplo, lá aparecia um visitante transeunte com pronúncia e modos, mas dos “nossos”, e lá o entendíamos como lusitano. O bairro do Restelo e de Belém era nosso, assim como todos os bairros, arredores e perímetro continental. Os outros territórios, assinalados nos mapas pintalgados nas escolas, espalhados pelo mundo, seriam a e aceitávamos com