Uma ambulância, postal. Não uma ambulância naquele sentido de serem anunciadoras de uma urgência, com luzes piscantes, sirenes agudas. Chamava-se assim mas não se sabe porque se chamava assim. A ambulância era uma carruagem de comboio, a última, contando desde a primeira, da locomotiva no sentido da retaguarda. O espaço interior dessa carruagem estava dividido em duas áreas: metade, uma espécie de armazém, a outra metade, um escritório. Nem isso, uma imitação de uma loja de correios. Neste caso, ambulante. A metade escritório estava forrada de prateleiras quadriculadas, com nomes de localidades, escritos à mão. Não havia códigos postais, só localidades. Uma bancada de madeira corria a toda a extensão dessa metade escritório da carruagem. Em fila, carimbos alinhados por uma ordem emanada dos correios que desconhecemos agora. Também selos metálicos, em relevo, para lacrar, a fazer prova de inviolabilidade dos documentos. O meu avô Mário trabalhou nas ambulâncias postais e reformou-se a