Antes da subida das águas que submergiram a cidade deixando somente os cumes suaves das colinas a descoberto, transformando-as em ilhotas flutuantes, casais de enamorados e mãos cheias de vontade de se darem, hipnotizados pelas ondas energéticas do amor que tudo pode, faziam juramentos de eternidade e companhia, encostados nos parapeitos dos muros dos miradouros enquanto debruçavam os seus olhos sonhando, nas panorâmicas da cidade. Olhavam para os telhados ocres, os zimbórios, as torres e a geometria das ruas e das praças. O mar deu-lhes um manto de água, afugou as cores. Onde foram jardins de belas vistas e tanto segredo segredado a acompanhar em sintonia o cicio do restolhar das folhas nas árvores em momentos de brisas suaves, são agora cais de amaragem, ancoradouros de pequenas barcaças de velas latinas e muita força de braços nos remos. Barcos que ligam as colinas-ilhotas. Sobrou desse fim do mundo, um punhado de gente, sem intenções de futuro. Sem nada mais para fazer senão