Ir rompe das entranhas da terra, força bruta, uma mina de águas. Grito de vida, apressado caudal desvairado, atrás da gravidade, vai dar de beber a outro mosteiro, de portas fechadas, restam os fantasmas dos seus habitantes contemplativos. No pequeno largo onde existe essa mina, existiu antes um convento de freiras em recolhimento e prece. O tempo é um carrasco imperdoável. Carne e o espírito esfumam-se, as obras de pedra e outras têm vidas mais prolongadas. Ficou uma parede com o recorte de janelas e portas, mas é só uma parede, de um lado e do outro o vazio, o nada, como que a dizer que tudo é efémero e em poeira se transforma. E isso nada tem de religioso, espiritual que seja, é uma evidência natural dos sedimentos do tempo. Nada mais. A alguns, atentos, sintonizados, poe-nos em sentido: a existência é curta, sejamos decentes, connosco próprios, com os outros, com o que encontramos nessa natureza tão esplendorosa que não merece aproveitamentos vãos, merece cuidados e afagos....