Abril é o mês em que as pétalas de todos os nomes de flores se espreguiçam na sua plenitude insinuante, provocando os transeuntes distraídos. Não sei se será assim de verdadeiro nos manuais da botânica: todas as flores florirem ao mesmo tempo - tenho incómodos com as ciências exactas, o que amplifica muito as minhas imprecisões- mas inventei uma crença sobre esse desabrochar avassalador, e até que me desconvença não arredo pé de uma ideia que me parece decente, para não dizer honestamente apropriada. Todas florescem em Abril, até as sardinhas, que sendo peixes, são as flores do nosso mar. Saltam vivinhas e malandras, espelhando dourados ofuscantes na reflexão dos raios do sol – insinuantes os raios que ensaiam iridescências do verão que se anuncia. Como são flores – naturalmente femininas e vaidosas - fazem-se convencidas nas suas exuberâncias sensuais, apresentando os vestidos mais atraentes, na plenitude da jovialidade. A frescura das suas pétalas tira-nos do sério