Hoje cruzei-me com um anjo, numa paragem de autocarro. Andam por
todo o lado, principalmente nos locais menos prováveis. As pessoas dizem que
não os veem, não os encontram, porque andam tão assolapadas nos seus
aturdimentos da vida, que só olham e não veem.
Este anjo apresentava-se banal. Não irradiava luminescências,
nem outros fogachos de artifício. Era um ser simples disfarçado em cão.
A dona, um ser igualmente lindíssimo, afagava-o na paragem do
autocarro. Afagava-o mas não o via, não podia.
O cão-anjo, cumprindo a rigor os preceitos das entidades angelicais,
estava simplesmente presente, derretendo-se com as carícias da dona. E olhava-a
dizendo precisamente isso: amor.
“Aqui estou para te guiar e tu comigo para me fazeres festas,
que é o que mais gosto".
Vi hoje um anjo, e fiquei especado e parvo a vê-los os dois
amando-se perdidamente em plena via pública.
Ganhei este fim de dia de Abril ensolarado. Que raio de mês
este, que mexe tanto comigo!
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