Um homem que vende livros na rua, como se vendesse flores: vende-os
delicadamente, porque são flores - os livros - e as flores oferecem-se, são um
sinal de apreço, ou de amor.
Os livros, são tão ricos de cor e fragâncias como as flores, talvez
com uma vantagem sobre estas: mal abertos e lidos, mesmo com as folhas gastas e
amarelas do tempo, rejuvenescem instantaneamente, quando os leem olhos ávidos.
São símbolos perenes, da beleza, do assombro,
precisamente como as flores.
O homem vende livros na Rua Anchieta, aos sábados, e há
clientes que os levam para casa, passeando como flausinos pela rua Garrett abaixo,
como se levassem, que levam, um bouquet exuberante de flores primaveris.
Os transeuntes olham para eles, e pensam nos seus íntimos, da
sorte que estes homens têm de serem oferecidos de belas flores. Alguns, não olham
porque nunca as ofereceram, desvalorizam. Outros, tantos, andam desinteressados
tirando fotografias sem realmente saberem onde estão. Leram poucos ou nenhum.
Em todo o caso, que é o que interessa, nesta rua de Lisboa, aprecia-se um extenso mostruário de botânica, a classe cientificamente aceite a
que pertencem os livros, uma matéria orgânica de grande sensibilidade.
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