12 de Abril de 2018
Começou um dia cinzento, breu, chuvoso, desagradável, mal-educado.
Haverá outras partes do mundo onde faz calor e o céu está claro. Aqui não. Aqui
as pessoas tentam proteger-se da intempérie. Fogem, correm, escondem-se em
recantos onde fiquem abrigadas. Não estão bem, as pessoas. Para além de uma
humidade forasteira, paira algo mais, não se sabe o quê, sente-se e não é bom.
O tempo tem vindo a piorar e não se esperava isso. Devia ser ao
contrário: desanuviar-se, preparando a entrada da primavera, que habitualmente
traz de melhor, tudo de melhor que o
mundo tem para oferecer a si mesmo: cor, alegria, entusiamo, abundância.
Mas não, está pifo.
A continuar assim, as pessoas que já andam gastas, começam a assustar-se
receando que lhes caia o mundo em cima. Ficam supersticiosas, desconfiadas, olham
de viés.
Como se pode alguém precatar da tempestade, quando ela se abate
sem aviso, cobardemente, não por natureza sua, mas porque a natureza não tem desígnios
nem decisões justiceiras coladas ao ser simplesmente como é e faz?
Os que têm fé, tem uma companhia, aguardam assustados pelo que
pode vir. Os que não têm, não têm companhia, e aguardam como os outros, da
mesma maneira, com susto, o que está na possibilidade de acontecer.
Para já está grisalho, piche, chovedio, obnóxio, xucro. Mas há
toda a esperança depositada que amanhã seja um belo dia de sol lustroso.
Devemos todos muito à esperança. Que não se alterem ainda mais
as condições do clima e não se desmorone tudo copiosamente.
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