O meu pai organizou a sua vida em fun çã o do Ancónio , um c ã o Epagneul Breton que o filho mais velho, eu, fez o parto e cortou a cauda, como era prática nesse tempo. Tinha esse nome estranhíssimo, dado pelo meu irmão que na altura aprendia um pouco da anatomia do corpo humano, como parte da sua formação em Belas Artes, nome dado a um músculo ridículo e vá-se saber porque o meu irmão resolveu dar esse nome ao cão que não teve nenhuma culpa de ser chamado publicamente dessa forma bizarra. Os filhos sa í ram de casa – se soubessem o que os esperava, tinham ficado até aos quarenta - e considerando que lhes faltava aos pais, uma razão de ser, um objectivo existencial, deram-lhes o cachorro. A minha mãe, como sempre fez de forma exímia, omitiu a existência do bicho, e se ao filho mais velho, eu, chamava pelo nome do seu mais que tudo, o meu irmão, o animal, apesar de Ancónio, também passou a ser e muito chamado à razão com o nome do meu irmão, que a minha mãe, por obsessão, teimosia, o