Uma janela. De um lado desta, uma mesa, cor de mel. Um caderno pautado com linhas azuis, uma mão que orienta a caneta de aparo, escreve palavras, umas seguidas das outras. Quem comanda a mão, ou julga que a comanda, olha a intervalos pela janela, para fazer uma pausa. Do outro lado do vidro não tem uma vista ampla. Vê uma fachada de um prédio cor-de-rosa, metade de outro amarelo, o telhado de ambos, e janelas. Várias. Vê também um pedaço de céu, não muito. Durante o dia todas as janelas são quadrados negros. Não se vê nada para dentro delas. É possível que alguém, protegido pela sombra, esteja a olhar também através da sua janela. A olhar para este lado de cá e verá outras janelas idênticas num prédio amarelado, uma linha de telhado e uma linha de céu. À noite quando acendem luzes, candeeiros, as janelas ganham vida, pode-se ver para dentro delas. É como se projectasse em várias telas quadradas, ao mesmo tempo, sobre uma parede cor-de-rosa e outra amarela, cenas de filmes diferentes,