Estarei a sonhar? Sonho acordada? É real isto? Ou é uma realidade inventada pela minha mente que não está bem? Não tenho respostas. Habito num deserto. Um deserto a perder de vista. Se isto é viver, pode ser, mas será viver no limite do viver, onde quase viver não é mais possível, porque se está na fronteira. Um pouco mais e a vida deixa de o ser, para ser uma outra coisa, que não sei como chamar porque desconheço. Somos uma dúzia de famílias, somos nómadas permanentes. Sempre na procura de água, dos alimentos frugalíssimos que nos mantêm vivos. Ocupamos tendas que mal nos protegem das condições inumeráveis do clima. Inclemente, fatal. Viajamos em barcos que navegam em terra, nas areias douradas do deserto, locomovidos pelo vento. Direcionados por este quando enche as velas feitas de panos gastos. A água, esse bem tão precioso que não soubemos preservar, é o elixir da vida e é tão escasso. Umas vezes falta-nos, outras, em que chove torrencialmente durante dias, uma água salga